quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Merenda

Todo dia de aula, meu pai nos dava dinheiro para merendar na hora do recreio, quando estudávamos na Escola Estadual Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. O valor, no início, não lembro bem, mas dava para comprar um totó e um pão doce. Era delicioso demais.
Lembrando: o papai era ferreiro, consertava espingardas, e a mamãe dona de casa.
Quando cresci um pouco mais, nosso pai aumentou a merenda, que agora dava para merendar no seu Bebé, um sonho de pastelão, desejado por muitos alunos que não podiam comprar. E bote desejo nisso.
O que mais marcou foi à compreensão do Nego (nome carinhoso do papai) que sabendo do vício de fumar do Wilsão - o papai nunca fumou e odiava este vício - dava o dinheiro da merenda no mesmo valor da carteira de cigarros, isto é, o Wilsão ganhava para merendar um pouco a mais do que eu.
Saudades da compreensão dos meus pais, que não tiveram estudos, mas aprenderam com a vida, pois criaram além dos 11 filhos, toda a família tanto por parte do papai como por parte da mamãe.
Lembrando: O papai tendo sido maltratado pelo seu padrasto o acolheu na hora de sua morte, tendo o Sr. Ernesto morrido em sua casa.