terça-feira, 7 de novembro de 2006

Dia de Todos os Mortos

Frustrado ao encontrar a morte e não ter como vencê-la e tendo que sofrer diante dela quando perde entes queridos, o ser humano procura justificá-la sempre, recorrendo às escrituras sagradas, onde aprende que foi criado do barro e ao barro voltará, adquirindo a certeza do inevitável fim. Diante da perda tão traumática, o homem criou um sistema de defesa contra a morte, o esquecimento. Depois do sofrimento vem um anestésico, em que as lembranças vão se diluindo com o tempo, a imagem querida vai tornando-se embaçada na memória.
Nasce desta frustração a necessidade de tornar-se eterno. Primeiramente põe suas esperanças na procriação, eternizando suas características genéticas. Enquanto a mulher era responsável pela seleção natural, o homem, a força, a forçava a manter relações só com um parceiro, nascendo a monogamia, pois necessitava ter a certeza de que a prole que estava criando carregava realmente sua descendência genética.
Outra saída na luta contra a morte foi a criação do "céu", onde mesmo que seu corpo não agüentasse, a sua alma iria ter vida eterna. Passou a pensar que a morte não era o final e sim o início de uma nova vida.
O culto aos mortos nasceu de uma necessidade religiosa, onde o criador iria ressuscitar o ser humano para uma vida eterna. Depois de cerca de mil anos de comemoração, o dia de finados passou para um patamar além da religião, fazendo parte das paixões do ser humano, da necessidade de homenagear um ente querido que se foi para uma "vida melhor", retirando o peso da perda, resguardando as lembranças boas que não podem ir também.